terça-feira, 29 de maio de 2012

Coloque a cabeça nos trilhos pra se livrar da dor

foto: Kaio - Irati, maio de 2011


Eram os trilhos ou o meio de suas pernas conduzindo a cabeça quente de sol e problemas com fúria ao esquecimento
Essa cidade não existe, ficou para trás
Mas no horizonte ainda a sombra do seu salto fazendo-lhe chorar
ouvindo seus passos como um arado moendo seu chão

deita-se
não há mais trabalho
não há mais prazer

o silêncio de dentes rangendo enquanto se aproxima o final




Kaio Miotti.

terça-feira, 15 de maio de 2012

a vida é uma ameaça


Foto: Kaio. Rio Jordão-Guarapuava-2011.



Os amigos em cima da ponte não vão mais pular. O que havia de errado eles não sabem mais. Procurarão no espelho d’água suas faces e não mais encontrarão. Suas mãos estarão próximas a dar umas com as outras enquanto caminham sobre os trilhos na ponte de volta à terra firme. E ficarão em silêncio, pensando que nada daquilo devia ter acontecido, e que não serão mais alegres como antes. Mas tudo é assim mesmo, algum dirá, sabendo da lágrima que se solidifica no coração como um pingente gélido, enquanto à terra tocam com os pés, sentindo que ali é quente, e que seus pés encontrarão caminhos diferentes. Não haverá mais elogios nem maldições. Não mais se encontrarão. E na lembrança as mãos se tocando sobre a ponte e os rostos apagados na água turva que corre sobre as pedras do rio Jordão. A vida é uma ameaça, algum dirá.
Adeus.




Kaio Miotti

sexta-feira, 23 de março de 2012

Bancos Vazios...ou apenas O Abismo



foto: Kaio
Alguma coisa me atingiu enquanto flanava por essa cidade cinza; certa tristeza, como bancos vazios sob a sombra duma árvore. Isso, essa idéia... parecia que tudo estava passando, por passar, por sumir, que nada ficava ou ficaria, nem uma fotografia seria capaz de reter essas ruas ou impressões ou – como o significado de avenida em russo quer dizer perspectiva – que nenhuma foto seria capaz de reter qualquer dessas coisas.
Os jovens saindo dos colégios, era uma fuga para a cidade, ou uma fuga da sala de aula sufocante? Há aí destinos a serem contornados? Porque me pareciam uma prévia do apocalipse que suas inocências sofreriam, prévia do que perderiam de beatitude, todos eles, com seus namoricos, palavrões, primeiros tragos... sem caretices, mas o que vai sobrar desses jovens nessa cidade?
Me sentia uma gota d’água escorrendo entre as frestas dos paralelepípedos da calçada.
E todos respeitando os horários. Que desgraça!
Mas nada fica ou dura aqui na cidade. O vai e vem de todo dia parece hoje não deixar rastro entre as colunas de concreto e metal de amanhã. Seres fantasmas de uma arquitetura de mortos. Ei, qual é seu papel na cidade? Qual sua encenação? Não dá tempo de nada, a não ser de ser cobrado insistentemente por cada ato, cada minuto, cada passo dado, feito, o caralho! O que EU sou aqui? Acho que passo, e passo com uma câmera na mão sem conseguir efetivos cliques; o primeiro e único clique de hoje foi pra capturar esses bancos vazios.
Talvez a solidão me fode assim porque minha nega não está dividindo a mesma cidade... MAS ESTAMOS LIGADOS NUM OUTRO TEMPO ESPAÇO! Talvez fomos nós os fotografados nesses bancos, um dia...
Talvez... o dia de hoje tenha sido apenas uma fotografia em minhas mãos...
Talvez...talvez.
Ainda tenho a nega.
Oxalá tempo! Oxalá silêncio! Oxalá enquanto essa cerva não termina eu não consigo tirar a inquietante imagem de bancos vazios sob uma sombra de árvore avulsos dentro dessa cidade.



Kaio.

terça-feira, 6 de março de 2012

Jc

foto: Kaio 


I’m not there para Dylan e Ginsberg

São mais de dois mil anos
Que o vento te traz
Ouça-me daí homem
Não te queremos mais

To cheio de ver
A tua cara por aí
Sai dessa cruz, camarada,
Tu podes mesmo cair.




Kaio Miotti

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

velho dia

foto: Kaio Miotti


FRAGMENTO UM 
Olhei no espelho: por que preciso amarrar os cadarços, oh deus? e você, deus, é só uma palavra que eu sei, uma palavra que vive na boca de jovens fraquejando sem responsabilidade pelos proprios atos ou pelo proprio sorriso. eu rio, por mim, pelos outros, pela viagem de rir, sim... mas hoje não. hoje não dá.
dá pra envelhecer sem loucura? sem pirar? dá ?
Ei, me vê uma ritalina, rápido, agora, to mal...
olheiras profundas, velhas conhecidas.
ossos saltados na cara de babaca, tudo bem conhecido. só a respiração é que fica mais difícil a cada dia, cada dia mais difícil circulae o ar, o ar que pesa, o ar...
alguém - um que foi mais amigo um dia - disse que escrevo coisas a esmo, nao dá pra saber o que quero dizer. sabe o que é? nao é pra te dizer nada, se nao for pra dizer, saca? nao precisa. eu escrevo é pra mim. é pra mim, caralho! e não culpo ninguém por isso. vá para os diabos com a tua necessidade de se fazer entender! eu nao, de retro objetividade! de retro!
no mais, a lágrima escorre na vaguidão do pensamento: cara, precisa de alguém que envelheça contigo, senão não vai aguentar, só isso....


Kaio Miotti

sábado, 7 de janeiro de 2012

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

poetagem na Unicentro (?), Unicentro ? Sim, sim...

recital de poemas nossos numa tarde na Unicentro porincreçaqueparivel espaço pra nossa historia de revolucao e cotidiano poetada com fé. muita fé.
Maicoln Viotti, Gabryel Mayer e Kaio Miotti transando a existência inerente mente mente a e para a mente ente tipo parente torna-se de tão íntimo e incomodo.
no mais, façam vulneráveis vossos sentidos como se amputados diante e pela caixa mágica chamada televisão.
Obrigado.


imagens feitas por Vinícius Comoti