sexta-feira, 23 de março de 2012

Bancos Vazios...ou apenas O Abismo



foto: Kaio
Alguma coisa me atingiu enquanto flanava por essa cidade cinza; certa tristeza, como bancos vazios sob a sombra duma árvore. Isso, essa idéia... parecia que tudo estava passando, por passar, por sumir, que nada ficava ou ficaria, nem uma fotografia seria capaz de reter essas ruas ou impressões ou – como o significado de avenida em russo quer dizer perspectiva – que nenhuma foto seria capaz de reter qualquer dessas coisas.
Os jovens saindo dos colégios, era uma fuga para a cidade, ou uma fuga da sala de aula sufocante? Há aí destinos a serem contornados? Porque me pareciam uma prévia do apocalipse que suas inocências sofreriam, prévia do que perderiam de beatitude, todos eles, com seus namoricos, palavrões, primeiros tragos... sem caretices, mas o que vai sobrar desses jovens nessa cidade?
Me sentia uma gota d’água escorrendo entre as frestas dos paralelepípedos da calçada.
E todos respeitando os horários. Que desgraça!
Mas nada fica ou dura aqui na cidade. O vai e vem de todo dia parece hoje não deixar rastro entre as colunas de concreto e metal de amanhã. Seres fantasmas de uma arquitetura de mortos. Ei, qual é seu papel na cidade? Qual sua encenação? Não dá tempo de nada, a não ser de ser cobrado insistentemente por cada ato, cada minuto, cada passo dado, feito, o caralho! O que EU sou aqui? Acho que passo, e passo com uma câmera na mão sem conseguir efetivos cliques; o primeiro e único clique de hoje foi pra capturar esses bancos vazios.
Talvez a solidão me fode assim porque minha nega não está dividindo a mesma cidade... MAS ESTAMOS LIGADOS NUM OUTRO TEMPO ESPAÇO! Talvez fomos nós os fotografados nesses bancos, um dia...
Talvez... o dia de hoje tenha sido apenas uma fotografia em minhas mãos...
Talvez...talvez.
Ainda tenho a nega.
Oxalá tempo! Oxalá silêncio! Oxalá enquanto essa cerva não termina eu não consigo tirar a inquietante imagem de bancos vazios sob uma sombra de árvore avulsos dentro dessa cidade.



Kaio.

terça-feira, 6 de março de 2012

Jc

foto: Kaio 


I’m not there para Dylan e Ginsberg

São mais de dois mil anos
Que o vento te traz
Ouça-me daí homem
Não te queremos mais

To cheio de ver
A tua cara por aí
Sai dessa cruz, camarada,
Tu podes mesmo cair.




Kaio Miotti