foto: Kaio |
Os jovens saindo dos colégios, era uma fuga para a cidade, ou uma fuga da sala de aula sufocante? Há aí destinos a serem contornados? Porque me pareciam uma prévia do apocalipse que suas inocências sofreriam, prévia do que perderiam de beatitude, todos eles, com seus namoricos, palavrões, primeiros tragos... sem caretices, mas o que vai sobrar desses jovens nessa cidade?
Me sentia uma gota d’água escorrendo entre as frestas dos paralelepípedos da calçada.
E todos respeitando os horários. Que desgraça!
Mas nada fica ou dura aqui na cidade. O vai e vem de todo dia parece hoje não deixar rastro entre as colunas de concreto e metal de amanhã. Seres fantasmas de uma arquitetura de mortos. Ei, qual é seu papel na cidade? Qual sua encenação? Não dá tempo de nada, a não ser de ser cobrado insistentemente por cada ato, cada minuto, cada passo dado, feito, o caralho! O que EU sou aqui? Acho que passo, e passo com uma câmera na mão sem conseguir efetivos cliques; o primeiro e único clique de hoje foi pra capturar esses bancos vazios.
Talvez a solidão me fode assim porque minha nega não está dividindo a mesma cidade... MAS ESTAMOS LIGADOS NUM OUTRO TEMPO ESPAÇO! Talvez fomos nós os fotografados nesses bancos, um dia...
Talvez... o dia de hoje tenha sido apenas uma fotografia em minhas mãos...
Talvez...talvez.
Ainda tenho a nega.
Oxalá tempo! Oxalá silêncio! Oxalá enquanto essa cerva não termina eu não consigo tirar a inquietante imagem de bancos vazios sob uma sombra de árvore avulsos dentro dessa cidade.
Kaio.
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