terça-feira, 11 de outubro de 2011

no rain



Cinco e meia da madruga e o céu já descoberta o sol, manchado de luz, de azul, de amarelo. O corpo experimenta a frescura das primeiras horas. Sem ressaca, coberto com lençol, se esticando pra pegar o comecinho do dia.
Um salto e tudo não está mais no mesmo lugar. O chão varrido, as roupas no banheiro, a calcinha dela no box, as unhas dos pés grandes tirando pelos do ralo enquanto canta i’m soul singing, e no rain, misturando à aurora o som das pedras que não vão criar limbo. Mas já viu quando o sol toca o lodo? Ele brilha, como uma esmeralda, e transpira como que de alegria.
Essa manhãs não são fáceis assim, são até bem nostálgicas, porque tem-se a mania de sentir saudade do que ainda nem perdeu, e assim perde-se o presente no choro do futuro. Não! agora tá bonito esse horizonte aí bem em frente com prédios, postes ou barulho de carros. E em plena cidade, um bucólico amanhecer faz das ruas a velha estrada poeirenta da juventude, que dá direto em todos os lugares, é só tentar. E imaginar.
Deixa-se o café com pão pra ela sob o pano de prato na mesa. Um bilhete: até mais, amor. A garantia de voltar é decisão: quero ficar contigo. E sozinho descerá a primeira ladeira em direção ao trabalho.



Kaio.

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