quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Uma Transa Animal


Era uma quinta feira, quando o sol já estava espantando os resquícios de uma manha fria, típica de Guarapuava, despertando os mais diversos sentimentos. Foi no canto de um quintal que esses sentimentos, especificamente o amor e o tesão, explodiram em momentos íntimos, registrados sob o olhar escondido de um estraga prazer. A cada fleche o casal se irritava, interrompendo o ato e logo lançando olhares nada amistosos para esse curioso fotografo. A cada escondida, o casal reconstituía as posições e logo retornava ao movimento singular e frenético, fazendo de seus corpos uma arquitetura da paixão. O semblante de normalidade às vezes escapava de alguma expressão, remetendo alguma idéia de rotina ou simplesmente de uma atividade prazerosa, mas nada de compromisso ou algo com um tom mais sério. Ela estava presa á uma corrente enquanto ele era mais um desses ciganos que vivem perambulando pelas ruas atrás de uma boa aventura, inclusive foi seu caráter marginal que o levou a perceber que seu ato estava sendo fotografado e admirado. Seu olhar masculino não escondia seu pensamento, Ei porque você não vai atrás de uma cadela ao invés de ficar tirando fotos sem permissão, e acho bom parar, para evitar alguma mordida.  Já ela era mais acuada, pela corrente é possível notar que tem um dono e é tratada, é mais uma dessas princesas que não resiste á um vagabundo, sente que mesmo tendo tudo na mão o essencial da vida está nas ruas. Percebi que não poderia causar mais transtornos ao me deparar com outra expressão mesclando agonia e tristeza, porém agora vinha numa vibração tão concreta que decidir pegar o meu rumo. Enquanto me afastava, via o casal se retirando para um lugar mais seguro, para que nenhum outro curioso pense em repetir essa ação e que entre o calor de suas patas possam terminar a manha numa gostosa metida.


Vinícius Comoti

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